O tabagismo é a principal causa de morte evitável do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele é responsável por mais de 60% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não transmissíveis (bronquite, enfisema, câncer, doença coronariana e cerebrovasculares - acidente vascular cerebral). No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), são registradas 200 mil mortes por ano por conta do cigarro.
O fumo é também inimigo da visão. Fumantes apresentam quase o dobro de chances de formação de catarata em relação aos não-fumantes. Isso porque a fumaça do cigarro, quando inalada, altera o metabolismo do cristalino e faz com que ele fique opaco de forma mais acelerada. Estudos, no entanto, ainda não conseguiram definir a quantidade de cigarros fumados por dia para que isso ocorra. Mas alertam que os efeitos do tabagismo são cumulativos e vão além da catarata. O vício está associado à queda das pálpebras, síndrome do olho seco, alergias e degeneração macular relacionada a idade.
Prejuízos oftalmológicos
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia alerta que a fumaça do tabaco é um dos maiores poluidores do ar, principalmente em recintos fechados. Ela contém mais de 4.000 substâncias tóxicas que induzem a inflamação e irritação a superfície ocular.
Pesquisas mostram uma relação direta entre a fumaça do cigarro e o olho seco. Dentre os efeitos nocivos do cigarro podemos citar a desestabilização do filme lacrimal, alterando sua porção lipídica, diminuindo a produção lacrimal, consequentemente reduzindo o tempo de ruptura do filme lacrimal. Essas alterações aumentam as queixas de ardência ocular, fotofobia e olho vermelho, exigindo que o paciente aumente a frequência do piscar, e utilize lacrimais artificiais. Pacientes que fumam e utilizam lentes de contato precisam estar ainda mais atentos.
A degeneração macular relacionada à idade é uma das principais causas de cegueira nos países desenvolvidos e tem uma forte relação entre a doença e o tabagismo, já que o cigarro agride a retina, aumentando a sua oxidação. Isso favorece o processo degenerativo da mácula (região central da retina, onde são definidas as formas, cores, rostos). Parar de fumar é uma importante maneira de diminuir a progressão da doença ou reduzir as chances de seu surgimento.
Outro problema é a queda das pálpebras. Já se sabe que esse é um processo de envelhecimento natural, mas pode ser agravado em pacientes fumantes. Em casos extremos, a queda da pálpebra superior e da inferior resulta numa diminuição do campo visual, ardência e lacrimejamento constante. A solução para este problema é a cirurgia, principalmente, quando afeta fisicamente o eixo visual, dificultando a realização das atividades da vida diária.
Consulta no oftalmologista
Os fumantes acabam comparecendo com mais frequência ao consultório médico, seja por problemas cardiocirculatórios, pulmonares ou oculares. Mas sempre vale ressaltar que exames de rotina e consultas ao médico oftalmologistas deveriam ser feitos, ao menos, uma vez por ano, para garantir a saúde ocular.